[FSX] Darrinton - Israel’s Farm

Carl ergueu a taça com leveza e sorveu o ultimo gole de vinho tinto Achaval Ferrer Finca Mirador Malbec safra 2006, de produção argentina, que restara. Sentado ao lado de Jennifer Prado, o jovem Starke conferiu de novo do horário. Já passava das 22 horas. A brisa cortava com leveza o centro do alpendre na 1156 da Alvord St, endereço da família Prado, na pequena Darrington. A temperatura estava agradável, em 22º C. Nesse momento, ao fundo, ouvia-se apenas o barulho das carretas que cruzavam a cidade pela Seeman St em direção a Arlington-Darrington Rod, a chamada 530. Carl Stark passara o dia na cidade, resolvendo questões familiares, especialmente do comércio de madeira. Logo cedo, teria que retornar para Hillsboro. Antes, porém, passaria por Concret, para pegar uma encomenda, e, depois, parar em Israel’s Farm, perto de Sedro Woolley, para levar uma tia, Isis Foremann Stark, de volta para casa – ela estava visitando uma afilhada, Reneè Ávila, que tinha acabado de dar a luz ao oitavo filho, no caso, agora, uma filha.

O rapaz deu um beijo na face de Jennifer. Levantou-se e despediu-se do velho Antony Prado, pai de Jennifer, e de Eleonora Hamilton, a mãe, com quem jantara e passara horas conversando sobre negócios e futuro. “Vou caminhando até o aeroporto. Não se preocupem – disse, depois se dirigiu para a moça: “A gente se encontra em Hills”. Alvord St ficava a apenas três quadras, logo após cruzar a Seeman St. Carl encaminhou-se para a escada lateral que dá acesso ao quarto de hospedes. Entrou, acendeu a luz e se sentou a beira da cama. Se desfez rapidamente das botas modelo Wyatt e da calça jeans bootcut desbotada, comprados na Tommy Hilfiger. Deitou-se e não queria pensar em muita coisa. Precisava acordar muito cedo. O dia prometia.




Ainda não saira os primeiros raios de sol quando Carl Stark se levantou. Teve uma surpresa agradável: o cheiro de café invadia o quarto. Sabia que que dona Eleonora não deixaria sair sem a primeira refeição. Mas não poderia perder tempo. Como pensara na véspera, o dia prometia. Foi ao banheiro, se lavou e jogou todos os pertences dentro da mochila Stockton. Esfregou os olhos e em frente ao espelho colocado acima da cômoda ajustou o colarinho da camisa de manga xadrez que ganhou de presente da avó, Lady Mary Stack. Hora de descer.

Foi recebido no pé da escada pela quase sogra com a xícara contendo um esfumaçante e aromático café em uma das mãos e na outra um sanduíche a base de ovos e bacon, embrulhado no guardanapo de pano. Vestida com a roupa de dormir, dona Eleonora Hamilton sorriu: “Você não pode sair assim, sem café” – disse. Carl agradeceu. “A senhora não existe. Não precisava se incomodar. Muito obrigado” – dissera, com efeito. Pegou o café e o sanduíche e seguiu caminhando meio apressado, até dobrar a Madison. Antes de sumir, olhou para trás e da janela, Jannifer acenou discretamente com a mão e um sorriso no rosto. Respondeu e seguiu em passos rápidos.

Carl passou pela Main St e depois pela Cascade St até chegar ao Dot City Park. Não havia ninguém na rua. Caminhou as pressas pela Fullerton Avenue e chegou na 503. Andou mais 200 metros até a entrada do Darlington Municipal. Encontrou-se com Wellington Moss, em pé, fumando um cigarro. Moss é guarda do aeródromo e também cuida do prédio da Darrington Hardware & Supply, que faz manutenção de carros. Acenou com a cabeça e seguiu rápido em direção ao Seneca II, estacionado na frente ao barracão de madeira que serve como terminal. Desacossou a mochila,retirou as chaves e abriu o avião. Desceu e fez a sangria de combustível: tudo ok. Hora de ir embora.





Os primeiros raios de sol começavam a transplantar as formações rochosas da Mt Baker National Florest, que esconde Darrington, quando Carl acionou a aeronave e taxiou até a cabeceira 10 - a mesma que havia pousado no dia anterior. Ir até Concret tinha uma rota natural e rápida: apenas 10 minutos acompanhando o Rio Sauak, contornando a montanha norte do Baker National Florest. A 3,5 mil pés, Carl aprecia a paisagem. Afinal, voar entre vales é sempre muito prazeroso.

Não demora muito e Carl avista a entrada do Rio Skagit e a Rodovia Norte Cascade Hwy, que leva ao Rockport State Park e ao North Cascade National Park, na divisa com o Canada. Faz a redução da marcha para 125 Knots e inicia descida a razão de 300 pés por minutos. Ele sabe que para uma boa aproximação em Concret precisa ir perto da encosta e segue a rodovia, tomando como referência de alinhamento a primeira perna da curva do Skagit, girando a esquerda. Dali é possível ver a Lower Baker Dam, uma barragem para produção de energia elétrica.







Com capricho, Carl Stark pousa o Cessna Seneca II em Concret, tendo a preocupação com uma elevaçãopouco antes da cabeceira da pista. Rapidamente, livra a ativa e desliza pela grama até chegar ao terminar central. Lá ele se encontra com Nell,q ue não desgruda do aparelho celular, e Kate, que observa. Sem desligar os motores, ele recebe a encomenda, um envelope pardo lacrado e selado pelo Cartório de Concret, que atende a população central-norte de Skagit Country. O documento pertence a Washington Portland Cement Company. Carl não faz nem idéia do que seja até porque a fabrica da cimento se mudou para Baker a mais de um século, embora compartilhe a cidade como sede. No canto esquerdo do envelope, o nome de Magnus Miller, cravado pelo cartório em alto relevo como homenagem a um dos fundadores da cidade.



Agora é a hora de pegar a tia Isis em Israel Farm. Trancou a porta do Seneca II, bombeou o ar até o suporte ficar firme. Girou o manche para direita e esquerda, ajustando o leme, e em seguida para cima e para baixo, testando os estabilizadores. Soltou o parking brake e subiu lentamente as manetes para marcha de taxiamento. Foi pela grama, passando pela frente dos hangares ainda em sua maioria fechados. Carl entrou na pista, conferiu a mistura e o compasso de hélice, verificou se o flap estava na posição 1, e, após comunicações de praxe, elevou a potencia da marcha para subir rapidamente a 2 mil pés.



Pousar em Israel Farm exige muita atenção. Especialmente para não passar pela pista desapercebido. Na verdade, é um trilheiro cercado de arame farpado. Por precaução, o jovem Stark ligo o GPS para localização da pista. Por mais que tenha ido duas vezes aquela fazenda, todo cuidado era pouco.

Rapidamente, o Seneca cruzou a pista – se aquilo pode se chamar de pista, com apenas 1.900 x 50. Ao sobrevoar a sede, “metralhou” o local com som do motor para avisar a tia Isis para se preparar. Carl não tinha pressa, mas também não estava muito disposto a permanecer por muito tempo ali parado. Tinha compromisso de Hillsboro e à noite o jogo de basquete pelos play-offs da Conferência Oeste. Carl passou pelos galões da fabrica de processamento de madeira, girou e retornou para alinhamento e aproximação. O fez a base de 950 pés para evitar uma grande quantidade de Cassa Imperial que antecediam a cabeceira e escondia a cerca de arame. Seguindo o GPS na manobra, fez o approch não como desejara: pouco antes do toque, perdeu o centro da pista, caindo um pouco a direita.









Carl praguejou. Enquanto segurava a aeronave para retornar ao centro, ouvia as chicotadas do já denso mato que beirava a pista na fuselagem do Seneca II. Aeronave controlada, Carl baixou a mistura e fez o backtrack para chegar na fazenda. Estava irritado com o pouso cretino, mas não culpara a tia Isis, uma de suas preferidas. Logo a frente, Carl acelerou o Cessna e cravou o pé esquerdo no freio para ingressar na via mal cuidada que o levaria até perto da sede da fazenda. Dali, avistou a tia Isis, no alpendre da casa, segurando uma travessa com as duas mãos.

- Não.. Ela não pode fazer isso comigo – pensou.

Mias uma vez, excelentes imagens e texto acompanhar.
Já pensou escrever um livro?

Um abraço.

realmente o Edilson se supera a cada topico.. relatos perfeitos...

Sensacional, Edilson!Nem sei dizer qual é melhor, a leitura ou as imagens, felizmente, como elas se completam não é preciso.

Grande Edilson... Muito Bom...

Mais um conto ilustrado muito bem apresentado e com qualidade...

Excelente!!

....muito engraçados os relatos, e boas screens....só uma coisa eu trocava.....em vez dessa safra, iria para um Barca d´Alva Tinto de 2004....muito bom...

Jorge

F a n t á s t i c o !!!!!!

Texto incrível com belíssimas imagens!

Wow!!!

Muito bom Edilson.

Boa ideia do Artur de escrever um livro, Contos do FSX.

Esse é o Edilson...
Que belo tópico!
Parabéns.

O Edilson seria um excelente Narrador de RPG.

JorgeA escreveu:Excelente!!

....muito engraçados os relatos, e boas screens....só uma coisa eu trocava.....em vez dessa safra, iria para um Barca d´Alva Tinto de 2004....muito bom...

Jorge

Concordo plenamente com o Jorge ....
Barca d´Alva Tinto de 2004 e os posts do Adilson é que está a dar...
Parabéns pelo tópico.Feito com cabeça tronco e membros.

el_lopes escreveu:

JorgeA escreveu:Excelente!!

....muito engraçados os relatos, e boas screens....só uma coisa eu trocava.....em vez dessa safra, iria para um Barca d´Alva Tinto de 2004....muito bom...

Jorge

Concordo plenamente com o Jorge ....
Barca d´Alva Tinto de 2004 e os posts do Adilson é que está a dar...
Parabéns pelo tópico.Feito com cabeça tronco e membros.

Eu heim...
Sou modesto.. Naturelle da Casa Valduga me satisfaz... Logico que com um bom bacalhau cozido no azeite com muita cebola e batatas... Na saída, um cálice de Velhotes.. O pessoal ae da terrinha deve conhecer bem: melhor Porto que tomei até hoje...


Quanto ao post, grato pessoal... QUando cansar, me avisem, por favor

Já tudo foi dito

Edilson continua...foi o melhor relato que já vi, e com excelentes screns.....

...bacalhau com batatas assadas...vinho...lombo de porco em forno de pedra...qualquer dia lançamos um off-topic culinário

Jorge

Parabéns Edilson, temos no VV um Cmte literario!!!

JorgeA escreveu:Edilson continua...foi o melhor relato que já vi, e com excelentes screns.....

...bacalhau com batatas assadas...vinho...lombo de porco em forno de pedra...qualquer dia lançamos um off-topic culinário

Jorge

Jorge ...não precisa exagerar.Com bacalhau e batatas assadas já está óptimo.
Agora fiquei a matutar no lombo de porco em forno de pedra

...muito bom em forno de pedra...comi em Montemor -o-Novo com umas excelentes migas...

...esta conversa está cada vez mais off-topic...as minhas desculpas...

Jorge

Amilckar escreveu:Parabéns Edilson, temos no VV um Cmte literario!!!

Opaaaa..
Obrigado AMilcar... Como disse, se tiver bom a gente até continua...

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Vocês não sabem o que a tia do Carl fez... aguardem